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Uvas de mesa, suco de uva e passas: 70 anos após o padrão OIV que garante qualidade e segurança

Veja gráfico da produção mundial de uva de mesa até 2023


Por ocasião do 100º aniversário da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), todos os meses replicamos uma das 12 notas da entidade que relembram as resoluções historicamente mais importantes sobre a viticultura global, muitas delas adotadas por cada país membro como regra básica. Neste caso, dois especialistas, um deles argentino de San Juan, destacam a importância da uva de mesa e sua evolução na pesquisa da OIV

Durante quase um século, a produção de uvas de mesa sempre foi um tema importante na Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que é tratado pela Subcomissão "Uvas de mesa, passas e produtos não fermentados da vinha" ( Scraisin).

Desde a sua criação, Scraisin tem como objetivo desenvolver projetos de resolução, estudos e documentos de experiência coletiva para um setor de grande importância económica em diferentes Estados Membros da OIV.

Neste quadro histórico, uma das primeiras grandes resoluções foi a RESOLUÇÃO OIV AG 13/54-VIT - https://www.oiv.int/node/3461, "DEFINIÇÃO DE UVA DE MESA, APERFEIÇOAMENTO DE MÉTODOS TECNOLÓGICOS, NORMALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE UVA DE MESA". A resolução, aprovada pela 34ª Assembleia Geral da OIV realizada em Paris em setembro de 1954, propôs a seguinte definição:

"Uvas de mesa são os frutos da videira destinados principalmente ao consumo in natura e produzidos por castas especiais ou cultivados para esse fim."

Produção mundial de uva de mesa até 2023 (Fonte: iQonsulting, Chile) - Nesta mesma resolução, os delegados da OIV estabeleceram questões importantes, como:

que o aperfeiçoamento dos métodos tecnológicos cabia a cada país, ou mesmo a cada região, no que diz respeito à normalização e comercialização de uvas de mesa, para estabelecer uma nomenclatura internacional harmonizada para as castas exportadas, bastaria ter em consideração uma lista exclusiva de castas de uva de mesa destinadas à exportação (excluindo castas destinadas ao consumo interno), a adoção de um padrão de maturidade, expresso pela relação g/l de açúcares (glicose e levulose) e g/l de acidez (ácido tartárico).

Da mesma forma, a Assembleia Geral aconselhou a ratificação das recomendações das Nações Unidas relativas à classificação qualitativa das uvas de mesa em três categorias e solicitou uma consulta aos Estados Membros que exportam uvas de mesa, para estabelecer os tipos de embalagem mais adequados.

Com base nestas decisões, nos 70 anos que se seguiram, a OIV contou com as ferramentas necessárias para desempenhar um papel crucial, mantendo importantes intercâmbios com outras organizações internacionais (como o Codex Alimentarius) e adotando novas resoluções; especificamente, no que diz respeito aos aspectos comerciais (ver Resolução VITI 1/2008 - https://www.oiv.int/node/3475).

Luis Peres de Sousa, agrónomo, professor da Escola Superior Agrária (ESAB) e do Instituto Politécnico de Beja (IPB), Portugal, no sector da Viticultura Científica

Atividades desenvolvidas por Scraisin/Por Luis Peres de Sousa, presidente do Subcomitê Scraisin - Analisando os últimos 70 anos, após a publicação da Resolução OIV AG 13/54-VIT, observamos um grande trabalho e comprometimento de todos os especialistas e da própria SCRAISIN em diferentes ações: primeiro, naquelas focadas em uvas de mesa para consumo in natura, depois em passas (que possuem alto valor nutritivo) e, finalmente, em suco de uva, de acordo com a Resolução OIV-VITI 654-2021, "Guia da OIV para a produção e processamento sustentável de suco de uva e suco de uva concentrado", e OIV- Resolução VITI 678A-2022, "Definição OIV de néctar de uva e néctar de uva aerado - https://www.oiv.int/es/standards/oiv-guidelines-for-the-sustainable-production-of-grape-juice%2C-concentrated-juice-and-for-processing". Estas resoluções destacam a importância destes produtos para a saúde humana, corroborada por ações em curso e em colaboração com a Comissão "Segurança e Saúde" da OIV.

Dado que Scraisin se dedica a produtos destinados ao consumo humano, nomeadamente uvas frescas de mesa, passas e uvas para sumo de uva, a redução da utilização de pesticidas sempre foi uma das preocupações dos especialistas. Esta preocupação manifesta-se atualmente através da utilização de novas ferramentas tecnológicas, como meios físicos, para eliminar fungos, bem como através de ações contínuas, como a produção biológica de uvas de mesa e a eliminação da utilização de pesticidas sintéticos. Esses fatores também respondem a outras questões, como:

sustentabilidade (impactos na biodiversidade e nos ecossistemas, microbiomas), questões económicas (custos de produção, descanso da vinha e impacto das alterações climáticas, uso eficiente da água, colheita mecânica de passas em situações específicas e impacto na qualidade do produto comercializado), e o impacto social (condições de trabalho).

Rodrigo Espíndola, engenheiro agrônomo do INTA, San Juan, Argentina

Desafios e oportunidades para Scraisin/Por Rodrigo Espíndola, especialista da delegação argentina no Subcomitê Scraisin - O aquecimento global coloca novos desafios a cientistas, especialistas, consultores e produtores de passas e uvas de mesa. A questão principal gira em torno da sustentabilidade económica, social e ambiental. Hoje em dia, os consumidores exigem segurança, qualidade e boa alimentação, sem que isso comprometa a sua saúde. O setor está, portanto, a aplicar novas abordagens baseadas em boas práticas agrícolas e de fabrico.

O Subcomitê Scraisin deve atender a essas demandas com um critério de sustentabilidade, fornecendo novas recomendações e resoluções e promovendo novos resultados de pesquisas, bem como novos índices. Isto, por sua vez, deve estar ligado a uma revisão das resoluções anteriores da OIV e à necessidade de fornecer respostas relevantes à população e aos novos consumidores que procuram evitar alimentos inseguros.

Além disso, Scraisin deve incentivar e promover produtos não alcoólicos sustentáveis ??e inovadores para destacá-los no mercado, respondendo à procura dos consumidores. Tal como foi expresso há 70 anos, há que realçar a ideia de que todos os Estados-Membros são diferentes, incentivando a aplicação de diversas tecnologias. Os Estados Membros da OIV representam uma grande diversidade cultural, mas juntos complementam-se e contribuem para a obtenção de melhores resultados, para uma melhor utilização dos recursos e para o desenvolvimento da produção de passas e uvas de mesa. *Matéria da EnoLife/OIV - 11/07/2024.

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