Outro possível meio de entrada da praga é o transporte de plantas hospedeiras

Lobesia botrana

Série especial das pragas agrícolas mais importantes que ainda não chegaram ao país


A traça-da-uva ou traça-europeia-dos-cachos-da videira (Lobesia botrana) já descrita em países da Europa, Ásia, África, está se aproximando do Brasil! A praga já foi detectada na Califórnia - EUA (onde foi erradicada no ano passado) [1] e está presente na Argentina e no Chile. Além do hospedeiro principal (videiras), ela ataca flores e frutos de outras espécies como ameixa, pêssego, kiwi, caqui, dentre outros.

A primeira geração da espécie ataca as flores formando ninhos, já na segunda geração as lagartas de L. botrana alimentam-se dos frutos e abrem portas para a instalação de patógenos como o fungo Botrytis cinerea que causa podridão e intensifica as perdas em qualidade e quantidade nos pomares. A traça apresenta entre duas e quatro gerações no ano, os adultos vivem de 15 a 20 dias e as fêmeas colocam entre cinquenta e oitenta ovos.

O controle biológico e as armadilhas com feromônios são as principais formas de controle de L. botrana. No Brasil, existe um feromônio para o monitoramento da praga [2] e, na legislação, há diversos instrumentos a seu respeito como a Cooperação entre Brasil e Rússia sobre quarentena [3], requisitos fitossanitários para a importação de estacas de romã (Punica granatum) de Israel [4]; kiwi (Actinidia deliciosa) de Portugal [5]; frutos frescos e arilos de romã (Punica granatum) da Argentina [6] e frutos de pera (Pyrus pyrifolia) da Bélgica [7].  O fato da praga estar presente em dois países da América do Sul que exportam diversas espécies de frutas in natura para o Brasil chama a atenção para a possibilidade de sua entrada. A EMBRAPA tem publicado um Comunicado Técnico [8] reiterando as ameaças da entrada da traça-da-uva em território brasileiro e a importância do tratamento fitossanitário dos produtos importados, da necessidade de um sistema de vigilância nos pontos de entrada de hospedeiros da praga e da participação da população nesta empreitada.  * DefesaVegetal.Net

Outro possível meio de entrada da praga é o transporte de plantas hospedeiras por passageiros internacionais. Como se sabe, o trabalho de inspeção de bagagens e aeroportos é feito por amostragem e, na falta de conscientização, muitos passageiros tentam entrar no país portando frutas e outros produtos que podem veicular esta e outras pragas.

QR-Poster - Confira poster elaborado pela Andef em 2013 sobre pragas exóticas e quarentenárias alertando para o perigo que elas representam. Na época, a mosca-negra (Aleurocanthus woglumi), a cochonilha-rosada (Maconelicoccus hirsutus), o ácaro-vermelho-das-palmáceas (Raoiella indica), a helicoverpa (Helicoverpa armigera) e a vespa-da-madeira (Syrex noctilio) ainda possuíam distribuição geográfica restrita no Brasil. Passados quatro anos, estão amplamente distribuídas e algumas, inclusive, já foram retiradas da lista de pragas quarentenárias para o país. Infelizmente, o desenvolvimento de tecnologias para manejo não acompanha a rapidez com que as pragas entram e se estabelecem, levando a redução na competitividade do nosso agronegócio.

Notas:

[1] Pestalert.org

[2] Agrofit - Consulta em 19/10/2017

[3] Decreto 4.282 de 25/06/2002

[4] IN 34 de 14/12/2010

[5] IN 19 de 13/06/2011

[6] IN 10 de 13/05/2016

[7] IN 6 de 16/02/2017

[8] EMBRAPA 2014

Foto:

Ilya Mityushev - EPPO

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