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Estudante de Urupema realiza estágio internacional em uma das mais antigas escolas de Enologia na Europa

Turmas do curso superior em Viticultura e Enologia realizam visita técnica na Epagri, em Videira


Ângelo Rorato de Araújo, estudante do curso superior de tecnologia em Viticultura e Enologia do Câmpus Urupema, está desde agosto realizando seu estágio no Instituto Estatal de Instrução Secudária, G.B. Cerletti, em Conegliano, na Itália, uma das escolas mais antigas e reconhecidas da área de enologia na Europa.

A realização de estágios internacionais não é comum no IFSC e, neste caso em particular, a oportunidade surgiu por meio de contatos pessoais de Ângelo. " Cheguei aqui por uma série de contatos, amigos e pessoas que têm o meu sobrenome. Com algum tempo de pesquisa, eu e minha mãe conseguimos fazer esses contatos com pessoas aqui na Itália, um deles tem o sobrenome Rorato, como o meu, e por essa pessoa fui me ligando a outras e abrindo portas até que eu chegasse a escola em Conegliano", lembra.

Segundo ele, apesar de estar em uma escola tão antiga, os conhecimentos adquiridos durante o curso no IFSC são bastante reconhecidos. "O instituto já carrega um nome importante quando falo de onde venho. O IFSC deu uma ótima base para que se possa participar das aulas e do ambiente aqui, por mais que seja um curso compactado em três anos, ele ainda é equivalente ao nível de faculdade enológica aqui na Itália".

"Minha rotina é acordar pela manhã cedo e já ir para a cantina/vinícola. A realidade aqui é um pouco diferente porque a vinícola se encontra dentro da cidade, com os vinhedos ao redor e em proporções pequenas. A cultura aqui é de muito estudo e trabalho então é isso que eles esperam dos alunos em geral. O trabalho em cantina é novo para mim, mas é uma coisa que eu esperava. Na Itália já é muito antigo o costume de beber vinho e saber um pouco sobre ele, então temos clientes constantes que vêm comprar vinho a granel para os meses do ano", conta Ângelo.

A orientadora de Ângelo, professora Carolina Pretto Panceri, destaca que a oportunidade vai muito além do aprendizado técnico: "Uma experiência em outro país sempre traz benefícios a mais para o estudante, como desenvolver habilidades de comunicação, correlação entre as técnicas realizadas lá e no Brasil, aprendizados culturais, entre outros".

O estudante também destaca a questão cultural em relação ao vinho. Por ser um país cujos habitantes têm bastante conhecimento sobre o tema e pela tradição na produção, as pesquisas acaba sendo facilitadas. "Por já ter uma estrutura muito antiga e estabelecida, eles têm uma facilidade maior no desenvolvimento de pesquisas e na disponibilidade de insumos. Por terem uma cantina {a disposição da escola, eles conseguem demonstrar ao aluno como é a vida profissional e realizam as aulas de uma forma muito prática. O segundo andar da estrutura da empresa é onde se localizam os laboratórios de química, abastecidos de equipamentos de ponta. Outro fator que colabora para a qualidade da estrutura aqui é que, além da escola, o espaço é dividido pela faculdade de Padova, com o câmpus dedicado à viticultura e enologia no mesmo local, possibilitando a troca de conhecimento entre os alunos e até entre os professores", conta.

De acordo com a professora Carolina, a intenção do Câmpus Urupema é estreitar os laços com a escola em Conegliano, buscando um memorando de entendimento com o apoio da Assessoria de Relações Externas Internacionais do IFSC (Arexi) , possibilitando novos estágios e modalidades de intercâmbio para discentes e docentes. *Sabrina d'Aquino | jornalista do IFSC - 18/10/2024. 

Turmas do curso superior em Viticultura e Enologia realizam visita técnica na Epagri, em Videira - O curso superior de Viticultura e Enologia esteve em visita técnica na unidade da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), em Videira/SC. A atividade foi comandada pelo coordenador do curso, o professor Jailson de Jesus, e contou com cerca de 20 estudantes. O evento ocorreu no dia 23 de agosto. A unidade desenvolve pesquisas com uva e vinho e também foi responsável pelos estudos que introduziram o cultivo de pêssego, ameixa e nectarina na região. Ainda desenvolve pesquisas com quivi, caqui, goiabeira-serrana, amora-preta, mirtilo e framboesa, além de buscar soluções para aumento de produtividade na apicultura.

"A visita foi agendada pelo curso de Viticultura e Enologia e algumas disciplinas participaram, como de Fitossanidade, a disciplina de Manejo da Videira, de Ciências do Solo e, também, há algumas disciplinas da primeira fase, como Química Experimental. Participaram alunos da primeira, da terceira e da quinta fases do curso", explica o professor Jailson. Como o tempo estava chuvoso no dia, não foi possível realizar a visita no campo, que estava na programação da atividade. No entanto, o professor avalia como positiva a visita, mesmo com esse contratempo, pois foi possível ter acesso a diversos conteúdos sobre o que tem sido feito na Unidade Experimental de Videira.

"Conseguimos conversar com os responsáveis pelo local. Eles apresentaram quais as pesquisas que estão sendo desenvolvidas principalmente. Também, mostraram aos alunos sobre as variedades piwi, que são as híbridas e que tentam buscar resistência às doenças que nós temos aqui na região", comenta o professor. O termo Piwi é derivado da palavra alemã "pilzwiderstandsfähigen", que significa resistente a doenças fúngicas. Trata-se de um grupo de variedades de uvas obtidas nos últimos anos via melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. "Os pesquisadores apresentaram essa essa parte, de o porquê dessa introdução, dessas variedades, não só aqui na Região Serrana, mas em todos os biomas. Além disso, também falaram sobre as variedades de suco, pois o estado de Santa Catarina também tem uma produção grande", complementa Jailson. O profissionais da Epagri são: Vinicius Caliari e Marco Antônio Dal Bó. O professor Paulo de Tarso, da area de Solos do Câmpus, também esteve presente na atividade.

O professor conta que, além desses projetos, os pesquisadores falaram sobre aqueles que existem em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, região conhecida pela alta produção vitivinícola no estado vizinho do Rio Grande do Sul. Ainda na atividade, a comitiva do Câmpus Urupema visitou a cantina da Epagri, que, inclusive, dá suporte a muitos produtores da região, e onde se desenvolvem muitos projetos e pesquisas na área da vinificação e elaboração de produtos. "Eles também possuem uma enoteca, onde separam e reservam uma parte dessa produção de vinhos para conhecer sua evolução e conhecer o potencial de guarda desses rótulos", destaca o professor.

Em seguida, a visita seguiu para os laboratórios, onde foi apresentada a parte de análise dos produtos, sejam eles as bebidas ou não. A unidade não trabalha apenas com uva, mas com frutas de caroço também, como a ameixa e o pêssego. Ao final, os participantes foram convidados para uma análise sensorial, onde foram apresentadas três variedades de castas piwi, vinhos brancos, produzidos com essas uvas. O professor Jailson destaca que essas atividades promovem uma expansão do conhecimento obtido em sala de aula, ainda com a vantagem de trabalhar de forma prática os conteúdos assimilados nas disciplinas. "Os alunos tiveram oportunidade de degustar esse vinho feito com essas castas, as híbridas, e de poder ver, de sentir, quais são as características sensoriais desses vinhos feitos com essas castas híbridas. E até foi bem surpreendente, duas delas eles já estão recomendando e nos próximos anos já farão a recomendação de mais duas ou três", completa o professor. Quando ele fala em "recomendar", se refere a certificar os viveiros para produção, pois se trata de um projeto internacional da Epagri em parceria com universidades da Itália e da Alemanha.

Um dos alunos que participaram do evento foi Solaris Máximo. Para o estudante, a atividade foi de grande importância para sua experiência profissional e acadêmica. "A visita à Epagri de Videira expandiu o entendimento sobre pesquisa, proporcionando uma experiência imersiva sobre a viticultura e enologia nos campos da pesquisa e suporte, campos em que estamos nos formando, oferecendo uma visão sobre as atividades da instituição, pesquisa, comunidade e desenvolvimento. A riqueza das informações compartilhadas, somada à experiência prática de degustar vinhos resultantes de pesquisas, como as variedades Piwi, contribuíram significativamente para nosso aprendizado e para futuros planejamentos de carreira", comenta o aluno. Para o aluno, essa oportunidade de ver de perto como a teoria é aplicada no contexto real de pesquisa e inovação é extremamente enriquecedora, atendendo às expectativas de maneira satisfatória e ampliando os horizontes de atuação. 

Dentre as atividades desenvolvidas na ação, além da pesquisa em variedades resistentes a doenças, como as Piwi, até o processo de vinificação e as análises químicas e sensoriais realizadas no laboratório, aquele que mais despertou interesse do aluno foi a pesquisa em torno das variedades - como Calardis Blanc, Felícia, Helios e outras - devido à sua relevância no cenário vitivinícola atual considerando as adversidades climáticas junto a pragas e doenças. "Essas variedades possuem maior resistência a doenças, o que reduz a necessidade de intervenções químicas e representa um avanço notável em termos de sustentabilidade e inovação no setor vinícola. A degustação destes vinhos foi uma oportunidade de compreender o perfil sensorial, estilos de possíveis vinificações e impacto direto dessas pesquisas no resultado final, o que amplia ainda mais a valorização do trabalho científico e seu reflexo na qualidade dos vinhos", complementa.

O estudante destaca que esse tipo de atividade proporciona uma ponte fundamental entre o conhecimento teórico e a prática real. No ambiente acadêmico, muitas vezes o aluno trabalha com conceitos abstratos e teóricos que, ao serem vivenciados no campo ou em laboratórios, ganham nova vida e se tornam mais compreensíveis. "A visita à Epagri nos permitiu observar diretamente como as pesquisas são conduzidas, quais os desafios enfrentados na viticultura e enologia, e como esses desafios são superados com inovação. Essa conexão nos dá a oportunidade de confrontar a teoria com a prática reforçando o aprendizado como também desperta nos alunos um maior interesse e curiosidade por temas específicos, além de abrir os olhos para possíveis áreas de atuação profissional ou futuras pesquisas", completa.

Outro ponto que chama a atenção do aluno, não apenas relacionado a esta visita, é a integração entre teoria e prática no modelo de ensino do IFSC. Segundo ele, é uma das grandes ferramentas da instituição. "Aliar o aprendizado teórico com vivências práticas, como visitas técnicas e experiências laboratoriais dentro da instituição, oferece uma educação mais completa e efetiva. Ao observar diretamente os processos de produção e pesquisa, conseguimos entender melhor as implicações práticas de conceitos teóricos e desenvolvemos uma visão mais crítica e analítica. Isso também contribui para fortalecer nossas habilidades interpessoais, ampliando as possibilidades profissionais e acadêmicas", finaliza Solaris.

Sobre o curso - O tecnólogo em Viticultura e Enologia atua na produção vinícola e em diversos setores da indústria de vinhos. Esse profissional é habilitado para planejar, gerenciar, implantar e avaliar todas as etapas de produção, desde a escolha das cepas de uva, plantio, colheita, processamento, fermentação, envase, armazenagem e comercialização, até a degustação e atividades de sommelier. Também são atribuições desse profissional a análise sensorial, o controle de qualidade, a supervisão dos processos de produção e conservação, as atividades de controle ambiental e a cultura do vinho e dos espumantes. O curso tem duração de sete semestres e é ofertado no período vespertino - Mais: Tel. (49) 3236-3100 - www.ifsc.edu.br.  *Rafael Xavier dos Passos | Jornalista IFSC - 03/09/2024.

 

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