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Fruta Imperfeita na luta contra o desperdício e por uma mudança de comportamento

Segundo os idealizadores do projeto, cerca de 10% de toda a produção de frutas e legumes nasce fora dos padrões estéticos exigidos pelo varejo


O projeto Fruta Imperfeita nasceu com o propósito de reduzir o desperdício, mas acabou indo além: ajuda os pequenos produtores a proporcionarem um destino para as frutas e legumes, amplia o acesso à alimentação saudável e contribui para espalhar a ideia de sustentabilidade e reciclabilidade.

Roberto Matsuda, CEO e idealizador dessa empreitada, detalhou o projeto no 16º Fórum de Embalagem e Sustentabilidade, promovido pelo Instituto de Embalagens na sede da Natura. A Empapel News esteve lá e conferiu tudo de perto.

Segundo os idealizadores do projeto, "cerca de 10% de toda a produção de frutas e legumes nasce fora dos padrões estéticos exigidos pelo varejo". São frutas muito grandes, muito pequenas, com imperfeições no formato ou na cor, e aspecto que não se encaixa no que estamos acostumados a ver nas gôndolas de supermercados. "Por esse motivo, acabam sendo descartados", mas são produtos com a mesma qualidade dos que são esteticamente aceitos para serem comercializados.

A ONU informa que 30% de todo alimento produzido no mundo é desperdiçado e que 45% de todas as frutas e hortaliças que nascem são perdidas. Isso tem impacto ambiental. Ainda de acordo com a ONU, o desperdício de alimentos é responsável por 8% das emissões de gases que causam o efeito estufa.

Matsuda conta que já na produção e colheita há perdas de cerca de 35%. No transporte e armazenamento, outros 25%. "Já salvamos 4.500 toneladas de alimentos nestes nove anos de atuação e utilizamos embalagens de papelão ondulado retornáveis para vender as frutas para os consumidores", conta.

O Fruta Imperfeita vende esses produtos esteticamente imperfeitos em forma de um clube de assinatura com planos semanais, quinzenais ou avulso, com o consumidor podendo escolher por tamanho de cesta (em quilos) e se recebe só frutas, só legumes ou mista.

"Nós montamos a cesta de acordo com os imperfeitos disponíveis. Semanalmente, nós recebemos cerca de 16 tipos de alimentos, sendo 8 de frutas e 8 de legumes", conta Matsuda.

A utilização de embalagens de papelão ondulado retornáveis é outro ponto importante no projeto. O cliente devolve a caixa recebida na entrega quando for receber a entrega seguinte, em um esforço do Fruta Imperfeita na redução na geração de lixo - "consumidores têm poder para exigir uma mudança de atitude do varejo e promover uma mudança geral no setor".

Matsuda conta que o projeto já reutilizou cerca de 150 mil embalagens retornáveis, com atendimento de dois mil clientes semanais. São números robustos de uma iniciativa inovadora, que vem mostrando resultados também no campo da sustentabilidade financeira, em uma cadeia que inclui também os pequenos produtores. É um esforço em que todos saem beneficiados, do meio ambiente ao bolso de produtores e consumidores. *Empapel News

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