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Tipos de Poda para a cultura do Pessegueiro (Prunus persica) Types of Pruning for the Peach Tree (Prunus persica)

A poda de outono permite que o pessegueiro fique com os ramos o mais uniforme possível, ou seja, bem distribuídos, estruturando a planta


O pêssego (Prunus persica) é uma cultura frutícola muito cultivada na Região Sul do Brasil. Segundo a Embrapa Clima Temperado, são várias as cultivares disponíveis para consumo, como: Barbosa; Charme; Chiripá; Chirua; Chinoca; Coral; Chula, entre outras (EMBRAPA, 2021). Por ser uma frutífera de clima temperado, geralmente sofre com problemas microbianos como infecções e podridões pós-colheita, diminuindo seu tempo de prateleira (ZHAO, 2022). Segundo HU et al. (2022) um dos fatores climáticos que mais influencia na época de frutificação do pessegueiro são temperaturas muito baixas, ou temperaturas acima de 15 graus Celsius.

O sistema de poda para a cultura do pêssego é bem amplo e apresenta várias características próprias, pois a planta necessita, para a produção de bons frutos, de podas anuais, visto que para regularizar a produção ela precisa que seus ramos sejam renovados através das podas, que podem ser:

Poda de formação; Poda de frutificação; Poda de outono (imagem 1); Poda verde e poda de renovação.

Imagem 1: Pessegueiro frutificado após poda de outono. Ramos bem distribuídos permite
que a planta produza mais e com frutos de qualidade. Fonte: O Autor (2022)

A poda de formação objetiva nortear a sustentação da copa para produções futuras, devendo ser realizada desde o transplantio da muda, até que o pessegueiro obtenha o tamanho e um dos três formatos convencionais da cultura: líder central, taça aberta ou o mais comum, em Y (Imagem 2).

Imagem 2: Copa em formato de Y. A presença de líquens indica que a qualidade do ar,
no local, é boa. Fonte: O Autor (2022)

Dados da EMBRAPA Uva e Vinho inferem que a produção de pêssegos começa a partir do segundo ano da cultura instalada a campo: 5Kg/planta é a produção média no segundo ano; 10 Kg/planta no terceiro ano; 20 Kg/planta no quarto ano (EMBRAPA, 2020). É claro que estas produções podem variar com diversos fatores presentes no local como: a fitosanidade da cultura; questões climáticas ao longo do ano; manejo da cultura, questões relacionadas ao solo e controle de plantas espontâneas (ervas daninhas), entre outras. Em média, 18 a 20ton/ha são possíveis de serem obtidos a partir do quinto ano de produção.

A poda de frutificação deve ser realizada logo após o pessegueiro começar a dá frutos, sendo que a época ideal para a realização da mesma é quando ocorre o inchamento das gemas (após o inverno) visto que a planta deve ser podada com uma certa frequência, pois a mesma apresenta um bom hábito de frutificação. O fato deste dever ser realizada no inverno é para que sirva de complementação a poda de outono, para não ocasionar cortes graves nesta época (de outono), o que ocasionaria brotações vigorosas, gerando desequilíbrio ao pessegueiro. As vantagens desta poda são: diminuir número de raleio; controla a estrutura e altura do pessegueiro; facilita o manejo fitossanitário (Imagem 3), entre outras.

Imagem 3: Frutos do pessegueiro com problemas fitossanitários. Fonte: O Autor (2022)

A poda de outono permite que o pessegueiro fique com os ramos o mais uniforme possível, ou seja, bem distribuídos, estruturando a planta e permitindo à sua produção uma melhor qualidade de frutos, estabelecendo equilíbrio entre frutificação e a parte vegetativa (Imagem 4), antecipando os cortes que seriam realizados durante o inverno. Este tipo de poda apresenta diversas finalidades, a saber: eliminação dos ramos que sombreiam outras partes do pessegueiro; retirada de ramos com problemas fitossanitários (como cancro, por exemplo); eliminação de ramos "ladrões" e/ou "mal colocados" (enxertados), entre outras.

 

 

Imagem 4: equilíbrio entre frutificação e parte vegetativa conseguido a partir de uma
poda de outono realizada com sucesso. Fonte: O Autor (2022)

A poda verde deve ser realizada finalizando melhorar a produtividade dos pessegueiros e a qualidade dos frutos (Imagem 5), durante a fase vegetativa da planta. Como há alguns brotos que são naturalmente vigorosos e isso ocasiona sombreamento aos frutos, este tipo de poda serve para eliminá-los, elevando a passagem de ar para o interior da copa e facilitando a entrada de luz solar e consequentemente o processo de fotossíntese. Este tipo de poda permite uma boa produção nas camadas mais baixas do pessegueiro.

Imagem 5: Frutos de qualidade, apresentando uniformidade de coloração e ausência de
patógenos. Fonte: O Autor (2022)

A poda de renovação renova os ramos primários do pessegueiro, já envelhecidos pelo tempo, permitindo uma renovação da copa da planta. É realizada uma poda grande durante o período do inverno, permanecendo apenas os ramos primários que apresentem cerca de 30 - 50 cm de comprimento. Brotações apareceram após a poda.

*Manoel Fábio da Rocha/Mestrando em Ciências Ambientais - UDESC - mmanulisboa@outlook.

Referências bibliográficas: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Clima Temperado. Pêssego. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/pessego/pre-producao/interacao-com-o-ambiente/clima#:~:text=O%20pessegueiro%20%C3%A9%2C%20basicamente%2C%20uma,%2C%20usualmente%2C%20os%20fatores%20limitantes. Acesso em: 23.11.22.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Uva e Vinho. A cultura do Pessegueiro. Disponível em: https://www.embrapa.br/cultivar/pessego. Acesso em 23.11.2022. HU, S.; MA, Y.; XIE, B.; HOU, Y.; JIA, Z.; ZHAO, L.; ZHENG, Y.; JIN, P. 24-Epibrassinolide improves chilling tolerance by regulating PpCBF5-mediated membrane lipid metabolism in peach fruit. Journal Postharvest Biology and Technology. Volume 186, 16 páginas, 2022. ZHAO, L.; XIE, B.; HOU, Y.; ZHAO, Y.; ZHENG, Y.; JIN, P. Genome-wide identification of the CDPK gene family reveals the CDPK-RBOH pathway potential involved in improving chilling tolerance in peach fruit.  Journal Plant Physiology and Biochemistry. Volume 191, páginas 10-19, 2022.

 

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