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Agricultura irrigada: o que preciso saber sobre o assunto?

As possibilidades de irrigar uma lavoura são bem variadas e, muitas vezes, fruto da criatividade do produtor adequando-se às circunstâncias locais


A agricultura irrigada aliada à tecnologia é uma das grandes responsáveis pelo sucesso do agronegócio. Suprir as necessidades hídricas das plantas que resultem melhorias na produtividade, além dos efeitos do clima, é a sua principal responsabilidade.

Requer, no entanto, algum conhecimento e uma atenção diferenciada para disponibilizar os benefícios que oferece. Aspectos técnicos do solo, da cultura e do equipamento se somam ao manejo da água, que demanda responsabilidade do produtor. 

O que qualifica um bom sistema de irrigação? - O objetivo de qualquer sistema de irrigação é fornecer a água necessária ao bom desenvolvimento da lavoura, além de evitar atraso no plantio. No entanto, uma atenção toda especial deve ser dada ao se planejar a agricultura irrigada na propriedade.

Considere que a grande parceira, se mal conduzida pode trazer prejuízos para o solo, para a lavoura e para o produtor. Portanto, considere que um bom sistema de irrigação deve:

  • ser planejado especificamente para as características locais: cultura, solo, topografia, clima e disponibilidade de água;
  • ser conduzido com conhecimento e acionado nas situações em que de fato haja demanda por água;
  • ser economicamente viável para a realidade local e do produtor.

Quando atendidas essas 3 premissas (que, na verdade, se multiplicam), só aí se terá o sistema de irrigação ideal. E todas elas devem ser avaliadas porque são limitantes quanto aos resultados obtidos.

Portanto, o que qualifica um bom sistema de irrigação é:

  1. ser capaz de atender às necessidades da cultura implantada, seja na forma de aplicação, seja no volume de água necessário;
  2. estar dimensionado para operar com o tipo de solo e a topografia da área cultivada;
  3. evitar perdas excessivas de água por evaporação e escorrimento superficial no solo;
  4. operar bem com a água disponível na propriedade;
  5. caber no orçamento do produtor.
  6. Quais são os principais tipos de sistema disponíveis? - As possibilidades de irrigar uma lavoura são bem variadas e, muitas vezes, fruto da criatividade do produtor adequando-se às circunstâncias locais. No entanto, alguns sistemas institucionalizados pelo tempo e pela técnica são considerados principais. Veja a seguir. 
  7. Irrigação superficial ou por inundação - O que caracteriza a irrigação por superfície é o deslocamento da água diretamente da fonte para a superfície do solo onde se dará a infiltração. A transferência da água se faz por meio de canais ou por inundação, como no caso do arroz irrigado. Esse sistema apresenta baixo custo operacional e de manutenção, além de não sofrer limitações pelo vento. Por outro lado, é muito influenciado pela declividade do terreno, além de apresentar perdas por percolação.

Irrigação por aspersão - A irrigação por aspersão promove uma simulação de chuva fina promovida por um ou por vários aspersores. Apresenta-se em 3 tipos principais: convencional, pivô central e autopropelido.

O sistema apresenta uma elevada eficiência de aplicação e baixo custo operacional. Por sua vez, a chuva molhando a parte aérea das plantas cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de doenças, além de apresentar elevados custos nos investimentos iniciais e de consumo de energia. 

Irrigação por microaspersão - A microaspersão é semelhante à aspersão, porém com uma precipitação mais suave, uniforme e menos dispersa. Geralmente é instalada mais próxima da planta, por vezes com o aspersor invertido apontando para baixo, sendo muito utilizada em casas de vegetação, estufas e na cultura da videira em instalação sob a copa das plantas.

A irrigação por microaspersão é facilmente adaptável a condições topográficas diversas, consome menores quantidades de água e é facilmente desmontável. Apresenta, no entanto, facilidade de entupimento dos microaspersores e custo de implantação relativamente elevado. 

Irrigação por gotejamento - O gotejamento é um sistema de irrigação bem localizado, com a água gotejando ao pé da planta. Fornece a água de modo gradual e pode ser utilizada para a fertirrigação, com aplicação de fertilizantes diluídos.

Por ser bem localizada, mantém a umidade do solo relativamente constante ao pé da planta, oferece redução de perdas por evaporação e não é afetada pelos ventos. Também é bastante sensível ao entupimento e tende a manter o sistema radicular mais superficial em razão da disponibilidade de água localizada. 

Como escolher a opção ideal? - A escolha do método de irrigação mais adequado para a lavoura cultivada requer, inicialmente, o conhecimento dos principais tipos de irrigação disponíveis e suas características mais importantes (vantagens e desvantagens). Em seguida, é indispensável a definição de alguns parâmetros para que se possa fazer a melhor escolha.

Nesse sentido, considere os seguintes aspectos:

  • cultura a ser irrigada: cada cultura tem necessidades próprias, resultantes de características como o sistema radicular, o coeficiente de evapotranspiração e o porte, entre outras;
  • clima local: regime de chuvas da região, intensidade dos ventos, temperaturas médias, umidade relativa do ar nas épocas de cultivo;
  • solo da área cultivada: textura, velocidade de infiltração, capacidade hídrica e outras pertinentes;
  • condições financeiras do produtor: custos de implantação, pagamento da água, pagamento da mão-de-obra;
  • disponibilidade de recursos humanos: disponibilidade local, capacitação e treinamento.
  • Quais cuidados tomar ao trabalhar com agricultura irrigada? - A implantação de um sistema de irrigação traz grandes vantagens para a produção. Na verdade, em muitos casos é a única forma de viabilizar o cultivo na região considerada. Para que a iniciativa seja coroada de sucesso, é preciso a adoção de alguns cuidados mostrados a seguir.

Capacitação e treinamento dos operadores - Conhecer bem o sistema adotado é indispensável para começar. Também é preciso considerar a importância do manejo racional da água, seja por razões ambientais (degradação do solo, consumo de água), seja por motivos técnicos para o melhor aproveitamento pela cultura.

Custos envolvidos com água e energia elétrica - Os diferentes sistemas consomem volumes diferenciados de água, mas todos representam um custo a ser considerado. Do mesmo modo, haverá uma demanda por energia elétrica que deve estar no planejamento do produtor. 

Uso de tecnologia - A eficiência no campo com máquinas agrícolas é fruto da tecnologia no campo, que também trouxe, por exemplo, o uso de sensores de umidade do solo, indicando a área com demanda diferenciada de água. Alguns sistemas permitem acionar a aplicação de água de modo automatizado para as áreas específicas indicadas pelos sensores.

Manutenção do sistema - De modo geral, um sistema de irrigação tem equipamentos como motobomba, tubulação, aspersores e bicos de saída, entre outros, que podem exigir manutenções rotineiras para as quais a mão de obra local deve estar capacitada. Além disso, é preciso contar com assistência técnica próxima para evitar perdas irreparáveis.

Como se viu, a agricultura irrigada traz vantagens e, em muitos casos, é a tecnologia aplicada no campo que viabiliza a produção agrícola. De todo modo, requer atenção e planejamento do produtor para alcançar os benefícios que oferece. *JACTO

 

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