Primeira reestimativa da safra de laranja 2025/26 em SP e MG prevê produção de 306,74 milhões de caixa
Greening atinge 47,6% das laranjeiras, mas ritmo de crescimento desacelera pelo segundo ano consecutivo
Maior severidade do greening associada ao clima mais frio e seco no inverno e colheita mais tardia aumentam projeção da taxa de queda de frutos - A primeira reestimativa da safra de laranja 2025/26 do cinturão citrícola de São
Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada pelo Fundecitrus nesta quarta-feira (10/9), indica produção de 306,74 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg, redução de 2,5% em relação à estimativa do dia 9 de maio, de 314,60 milhões de caixas, devido sobretudo ao aumento da projeção da taxa de queda de frutos em função do crescimento da severidade do greening (porcentagem da copa tomada pela doença) e do ritmo mais lento da colheita.
Clima - De acordo com dados da Climatempo Meteorologia, a precipitação média acumulada no cinturão citrícola de maio a agosto de 2025 foi de 94 milímetros, 33% a menos do que a média histórica (1991-2020). Apenas a região de São José do Rio Preto teve precipitação acima do histórico (21%).
No entanto, as precipitações de abril e junho garantiram umidade suficiente no solo. Com isso, o peso dos frutos das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi segue estável, em 134 g (305 frutos por caixa). As demais variedades precoces (Valência Americana, Seleta, Pineapple e Alvorada) tiveram queda no tamanho, passando de 158 g (259 frutos por caixa) para 150 g (272 frutos por caixa). Já a Pera, cuja colheita está mais tardia este ano, deve se beneficiar das chuvas de primavera, com aumento do peso de 154 g (265 frutos por caixa) para 156 g (261 frutos por caixa). Estima-se que as variedades Valência e Folha Murcha mantenham 174 g (235 frutos por caixa) e que a Natal mantenha 169 g (242 frutos por caixa). No geral, a projeção do tamanho médio das laranjas não se altera.
Colheita - Até meados de agosto, apenas 25% da safra atual havia sido colhida, um ritmo significativamente mais lento do que o verificado na safra anterior, que já estava em torno de 50% nesse período. A colheita das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi chegou a 68%, enquanto a das outras precoces alcançou 75%. A colheita da Pera atingiu 17%. Em relação a variedades tardias, as colheitas da Valência e Folha Murcha somam 1% e a da Natal, 2%.
A colheita mais tardia desta safra está relacionada com a elevada concentração de frutos da segunda florada e à priorização da colheita no ponto ideal de maturação para obtenção de suco de melhor qualidade. Com isso, observa-se um aumento na taxa de queda prematura de frutos, sobretudo em árvores afetadas pelo greening e submetidas a maior déficit hídrico e temperaturas mais amenas no inverno.
Queda de frutos e severidade do greening - Projetada inicialmente em 20% na estimativa de maio, a taxa de queda de frutos foi reestimada para 22%. Quando analisada por setor, a taxa de queda é mais intensa em setores com alta incidência de greening (Sul, Centro e Sudoeste) e menos intensa em setores com menor incidência (Norte e Noroeste).
O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, recorda que a severidade média do greening no cinturão citrícola, de acordo com o levantamento anual produzido pela instituição, subiu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% seu potencial produtivo. "Esse aumento significativo da severidade dos sintomas nas árvores tem impacto direto no aumento da taxa de queda prematura da fruta, sendo o fator determinante para a redução da safra nesta primeira reestimativa", analisa Ayres.
A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) é realizada pelo Fundecitrus em parceria com professor titular (aposentado) da FCAV/Unesp José Carlos Barbosa.
Relatório completo em: https://www.fundecitrus.com.br/wp-content/uploads/2025/09/0925_Reestimativa-da-Safra-de-Laranja.pdf
Greening atinge 47,6% das laranjeiras, mas ritmo de crescimento desacelera pelo segundo ano consecutivo - Incidência caiu 51,4% nos pomares de 0 a 2 anos e 17,1% nos de 3 a 5 anos, indicando conscientização, escolha adequada da área de plantio e melhoria do controle por parte dos citricultores - O levantamento anual da incidência de greening, produzido pelo Fundecitrus, mostra que em 2025 a doença atingiu 47,63% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo/Sudoeste Mineiro. O índice representa um aumento de 7,4% em relação a 2024, quando a incidência foi de 44,35%. No entanto, pelo segundo ano consecutivo, observou-se uma desaceleração no ritmo de aumento da incidência de greening. O crescimento de 7,4% de 2024 para 2025 é um avanço bem menor do que os verificados nos anos anteriores, que foram de 16,5% de 2023 para 2024 e de 55,9% de 2022 para 2023.
Segundo o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, a redução no ritmo pode ser resultado de diversas medidas adotadas. "O citricultor teve um cuidado maior na escolha das áreas para novos plantios, dando preferência a regiões com menor risco de contaminação, e foi retomada a prática de eliminar árvores doentes com até cinco anos, seguida do replantio imediato. Além disso, registrou-se uma queda muito significativa na população do vetor da bactéria, o psilídeo, em 2024 em função da qualidade do controle", explica.
Com a melhor remuneração pela caixa da laranja em 2023 e 2024, tornando viáveis até mesmo pomares com baixa produtividade, houve maior resistência em eliminar plantas doentes já produtivas. Dessa forma, a maior incidência continua sendo observada nos pomares acima de 10 anos (58,43% das árvores deste grupo estão contaminadas), seguida pelos pomares de 6 a 10 anos (57,79%), de 3 a 5 anos (39,18%) e de 0 a 2 anos (2,72%).
A incidência de greening reduziu 54,1% no grupo de 0 a 2 anos e 17,1% no grupo de 3 a 5 anos. Para o diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, o produtor tornou-se mais consciente e vem refinando o manejo da doença, com isso os efeitos da melhoria do controle já podem ser sentidos no campo. "O citricultor já sabe que manter as plantas jovens saudáveis faz toda a diferença para a viabilidade do negócio e ter frutas de melhor qualidade. Por isso, ele tem sido extremamente cuidadoso tanto na formação do pomar quanto no rigor do controle nos anos iniciais", afirma. "Em regiões de baixíssima incidência, por exemplo, o citricultor entendeu que não faz o menor sentido manter plantas jovens doentes", completa.
Raio-X - Estima-se que quase 100 milhões de árvores, de um total de 209 milhões no cinturão citrícola, estejam contaminadas. De acordo com o estudo, a progressão da doença está ligada à combinação de diversos fatores, como as altas populações de psilídeo, a alta presença de plantas doentes nos pomares, que seguem servindo como foco de disseminação da bactéria, e o clima com temperaturas mais amenas no segundo semestre de 2024, mais favorável à multiplicação da bactéria.
Apesar de a população de psilídeos ter diminuído 41% em 2024, resultado de medidas mais rigorosas, como a rotação de inseticidas, aplicação de caulim e aprimoramento das pulverizações, os níveis atuais do inseto ainda são de quatro a nove vezes maiores do que os observados antes de 2020.
Preocupação - A severidade média da doença (porcentagem da copa das plantas com sintomas) aumentou pelo quarto ano seguido, passando de 18,7% em 2024 para 22,7% em 2025. As áreas com os maiores índices de incidência de greening também apresentam os níveis mais elevados de severidade da doença, que compromete mais árvores e, consequentemente, causa maior impacto na produção e na queda prematura de frutos. A média de queda de laranjas atribuída ao greening subiu de 3,1% na safra 2021/22 para 9,1% na safra 2024/25, correspondendo atualmente a 50,8% do total de frutas que caíram antes da colheita.
Regiões - Entre as 12 regiões que compõem o cinturão citrícola, seis apresentam incidência de greening superior a 60%, duas estão na faixa entre 40% e 50%, três variam entre 20% e 30% e apenas duas registram índices inferiores a 5%. As áreas mais afetadas em 2025 continuam sendo Limeira (79,9%), Porto Ferreira (70,6%), Avaré (69,2%), Duartina (62,7%) e Brotas (60,8%). Já Bebedouro (47,2%) e Altinópolis (45,1%) permanecem entre as regiões com alta incidência. Em níveis intermediários estão São José do Rio Preto (34,3%), Itapetininga (28,7%) e Matão (24,6%). Nessas regiões, chama a atenção o avanço significativo do greening entre 2024 e 2025, especialmente em São José do Rio Preto e Itapetininga, onde a doença quase dobrou. Já Votuporanga (3,1%) e o Triângulo Mineiro (0,3%) continuam com as menores taxas de incidência, praticamente estáveis em relação ao ano anterior.
Manejo regional - A orientação do Fundecitrus é que o manejo do greening seja adequado à incidência da doença em cada região. Nas áreas com alta incidência de greening, caso o produtor opte por não erradicar as plantas doentes, é imprescindível manter o controle rigoroso do psilídeo para conter o avanço da doença e tentar prolongar a vida útil do pomar. Nas áreas com baixa incidência, é imperativo que as plantas doentes sejam eliminadas imediatamente e o controle do psilídeo seja feito de maneira contínua.
Ayres reforça que o greening continua representando o principal obstáculo para a citricultura, exigindo esforço constante e dedicação dos produtores. "As medidas de manejo implementadas têm ajudado a frear a evolução da doença. Os dados mostram que o pacote de controle, quando realizado de forma completa, funciona mesmo", afirma. "Sempre lembrando que com essa doença não existe meio termo. Não há saída a não ser controlar com rigor extremo", alerta.
Confira mais informações: https://www.fundecitrus.com.br/wp-content/uploads/2025/09/Levantamento-de-doencas-2025_Resumo-greening.pdf
Confira o relatório completo: https://www.fundecitrus.com.br/wp-content/uploads/2025/09/Levantamento-de-doencas-2025_Relatorio.pdf
*ASSESSORIA DE IMPRENSA REBECA COME TERRA/FUNDECITRUS - Daniele Merola/[email protected] - (16) 99770-6740 - Rafael de Paula/[email protected] - (14) 99717-2081.
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