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Brasil apresenta panorama do setor cacaueiro para grupo seleto durante a Semana do Cacau de Amsterdã

O cacau é cultivado tanto no sistema agroflorestal da Floresta Amazônica quanto no sistema cabruca, na Mata Atlântica, além de ser plantado a pleno sol


Acaba de terminar o Brazil Session, uma sessão para convidados, em que representantes das principais entidades da cadeia cacaueira apresentaram a cacauicultura do país. O encontro, organizado pela iniciativa CocoaAction, com o tema "A recuperação do cacau do Brasil: oportunidades em um retorno sustentável", aconteceu durante a Semana do Cacau de Amsterdã e reuniu cerca de 70 pessoas, representantes de empresas, organizações e fundos de investimentos internacionais, interessados no novo momento da cacauicultura brasileira.

A reunião começou com a apresentação do documentário "Cacau, fruto sustentável do Brasil", da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). O material apresenta a diversidade da cacauicultura nacional e seus diferentes sistemas de produção. "O cacau é cultivado tanto no sistema agroflorestal da Floresta Amazônica quanto no sistema cabruca, na Mata Atlântica, além de ser plantado a pleno sol em áreas não tradicionais. Isso confere ao Brasil um diferencial, com sistemas produtivos diversos que conservam o meio ambiente, gerando renda para os produtores e suas comunidades", destaca Anna Paula Losi, presidente-executiva da AIPC.

Estrategicamente pensado para mostrar diversas perspectivas do setor e estimular o diálogo com a plateia, o Brazil Session contou com palestrantes de diferentes elos da cadeia:

Fundação Mundial do Cacau (WCF): Chris Vincent, presidente da WCF, e Pedro Ronca, diretor do CocoaAction -- iniciativa da WCF que desde 2018 promove o desenvolvimento sustentável da cadeia do cacau no Brasil, de maneira coletiva, junto com membros e parceiros da iniciativa privada, pública e terceiro setor - deram as boas-vindas aos participantes e compartilharam avanços da iniciativa.

Setor produtivo: Guilherme Moura, da CNA/FAEB e Leandro Ramos do CIAPRA (consórcio financiado pelo Governo da Bahia, CAR e BAHIATER) abordaram programas que têm levado assistência técnica e capacitação a pequenos produtores de cacau, a fim de aumentar sua produtividade, consequentemente, sua renda e a qualidade de vida das famílias.

Setor público: Lanns Almeida, do Governo da Bahia, e Giovanni Queiroz, Governo do Pará, falaram das políticas públicas para o cacau nos dois estados, que alternam entre si a liderança da produção do fruto no país.

Terceiro setor: Ricardo Gomes, do Instituto Arapyaú, explicou a atuação da instituição filantrópica que mobiliza sociedade civil, academia, setores público e privado para alavancar soluções sustentáveis no Brasil através de instrumentos como o blended finance. E Maria Claudia Falcão, da OIT Brasil, abordou as ações para a promoção do trabalho decente que a entidade desenvolve no território nacional, juntamente com a SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho).

Pesquisa e tecnologia: Cristiano Villela, diretor do Centro de Inovação do Cacau (CIC), referência em tecnologias para classificação e avaliação sensorial do cacau, apresentou o trabalho desenvolvido pela entidade, mencionando as capacitações oferecidas a produtores e técnicos para melhoria da qualidade do cacau, e o Concurso Nacional de Cacau Especial, que teve sua 5ª edição em 2023.

Indústria Processadora: Anna Paula Losi, da AIPC, deu um panorama das indústrias moageiras instaladas no Brasil, enfatizando o potencial de aumento da produção de cacau, que poderia atender às necessidades das moageiras, hoje com capacidade ociosa, e tornar o Brasil uma plataforma de exportação de amêndoas, derivados de cacau e chocolate.

Indústria Chocolateira: Jaime Recena, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), citou o aumento de consumo de chocolates no país, as tendências de consumo e as oportunidades que o setor oferece.

Para Pedro Ronca, do CocoaAction Brasil, a sessão de hoje confirmou o otimismo com o qual o país foi recebido, desde o início da semana em Amsterdã, pelos atores da cadeia cacaueira mundial. "Uma produção amparada em sistemas agroflorestais (SAF) e um ambiente institucional organizado, com apoio do poder público, privado e terceiro setor, são diferenciais do Brasil nesta retomada da cacauicultura", o que impressionou o público. "Este trabalho coletivo tem potencial para alavancar a produtividade do cacau nos próximos anos, consolidando o Brasil como uma origem de cacau sustentável", diz.

Já Anna Paula Losi destacou a oportunidade de apresentar os diferenciais do setor cacaueiro do Brasil para os convidados internacionais. "Nossa cadeia está unida na busca por uma cacauicultura cada vez mais justa e rentável para todos. Em poucos anos, o Brasil voltará a despontar com um dos principais países no cenário global de cacau, não somente por causa do volume que será produzido, mas principalmente por causa da qualidade e dos aspectos positivos de sustentabilidade ambiental, social e econômica", finaliza a presidente executiva da AIPC.

Saiba mais: O CocoaAction é uma iniciativa pré-competitiva, iniciada no Brasil em 2018, que trabalha unindo os diferentes atores da cadeia cacaueira, e coordenando esforços coletivos que fomentam o desenvolvimento sustentável. O CocoaAction Brasil tem oito membros financiadores - Barry Callebaut, Cargill, Dengo, Harald, Mars, Mondelez, Nestlé, Ofi - e dezenas de parceiros que colaboram para que a iniciativa execute suas ações e projetos. A iniciativa é coordenada pela P&A, em parceria com a Fundação Mundial do Cacau (WCF).

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) é uma entidade representante das indústrias moageiras. Ela nasceu em 2004 com o intuito de ampliar as discussões e fomentar o trabalho de desenvolvimento de toda a cadeia de valor. A AIPC desde então é formada pelas empresas Barry Callebaut, Cargill e Olam, e em 2024 houve a ampliação para uma nova associada a IBC. Juntas essas empresas correspondem a aproximadamente 93% da compra e moagem do cacau no Brasil.

*Assessoria AIPC/Renata Duffles - e-mail: [email protected]/Assessoria CocoaAction Brasil -Maria Fernanda Brando/Lívia Andrade. 

Cenário atual do mercado de cacau: Desafios climáticos impactam produção global/Consultoria Agro Itaú BBA apresenta análise abrangente sobre produção, consumo e preços do cacau em 2024A Consultoria Agro Itaú BBA divulgou em fevereiro de 2024 um panorama detalhado do mercado global de cacau, destacando importantes tendências na produção, consumo e preços dessa commodity fundamental.

Produção - Atualmente, mais de 70% da produção mundial de cacau concentra-se no continente africano, liderado pela Costa do Marfim, Gana, Equador, Camarões e Nigéria. O Brasil, figurando como o sexto maior produtor global, destaca-se com uma produção de 220 mil toneladas por ano, sendo os estados do Pará e Bahia responsáveis por aproximadamente 96% da oferta nacional.
Consumo - A distribuição do processamento das amêndoas de cacau é mais igualitária entre os continentes, liderada pela Europa, seguida por África, Ásia & Oceania e Américas. A indústria do chocolate, por sua vez, tem Costa do Marfim, Holanda, Indonésia, Alemanha e Malásia como os principais países processadores, totalizando 5 milhões de toneladas de amêndoas processadas em 2022/23, segundo a ICCO.
Mercado de Cacau - O mercado global de cacau enfrenta uma persistente escassez de oferta, resultando em um déficit na safra global pelo terceiro ano consecutivo. Fatores climáticos, incluindo um clima mais seco na Costa do Marfim, excesso de chuvas, El Niño e ventos Harmattan, afetam a produção africana. O Brasil, especialmente o sul da Bahia, também sofre com os reflexos do El Niño, impactando a produção.
Preços - Devido às questões relacionadas à oferta, o cacau teve uma valorização de 63% na bolsa de Nova Iorque em 2023. No Brasil, em Ilhéus, os preços subiram 56% no último ano. Em 2024, as cotações continuam em alta, registrando elevações de 29% em Nova Iorque e 22% em Ilhéus nos primeiros meses do ano. A curva de preços futuros indica patamares elevados ao longo de 2024, sustentada pelo consumo forte e demora na regularização da oferta, mas ajustes podem ocorrer diante de uma possível destruição da demanda devido aos preços elevados. *Portal do Agronegócio

 

 

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