Notícias do Pomar

Antracnose da mangueira: a doença que mancha o labor

É fundamental manejar a doença a partir da floração uma vez que geralmente ocorre falha no controle, gerando perdas mais graves da produção


A antracnose é considerada mundialmente uma doença comum e responsável por prejuízos na produção e qualidade da manga. De origem fúngica, essa doença pode ser causada por diferentes espécies de Colletotrichum, a exemplo de C. siamense, C. gloeosporioides, C. acutatum, C. fructicola, C. karstii, C. asianum, C. tropicale, entre outras. Infecções ocorrem principalmente em folhas jovens, ramos jovens, inflorescências, frutos jovens e em desenvolvimento, causando pequenas lesões necróticas e circulares que coalescem ou expandem com o tempo tomando grande parte do órgão afetado (Figura 1). É comum que em manga infectada ainda verde a doença  permaneça quiescente ou imperceptível ao olho nu, surgindo os sintomas com o amadurecimento da fruta, gerando perdas no armazenamento, transporte e comercialização.

Fig. 1 - Sintomas de manchas necróticas e encarquilhamento de folhas em plena florada (A);

pequenas manchas necróticas na inflorescência (B); podridões necróticas na região do pedúnculo

(C); e manchas necróticas em mangas (D e E), causados pela antracnose. Fotos: Diógenes da Cruz Batista.  

A disseminação da doença ocorre de forma mais grave na presença de água livre decorrente de chuvas frequentes, porém umidade relativa alta, presença de orvalho ou irrigação que molhe a planta também favorecem a doença. A temperatura influencia a velocidade da infecção e a severidade da doença, particularmente aquelas próximas a 28 oC são ideais. Assim, molhamento e temperatura favoráveis, principalmente, durante o florescimento são críticos para a ocorrência de epidemias e perdas econômicas devido à antracnose.

Para prevenir perdas, o responsável técnico deve ficar atento a certas práticas de manejo a serem realizadas no campo:

a) Remoção de partes doentes e restos da cultura sobre a copa para reduzir fontes de inóculo; b) Realizar podas para arejamento da copa; c) Pulverização com fungicida para proteção dos ferimentos ocasionados durante as podas de produção; d) Proteção preventiva com fungicida tradicional ou alternativo durante a fase fenológica de brotações ou folhas novas, floração e frutificação, principalmente em condições de alta umidade relativa ou iminência de chuvas. É importante que a doença seja manejada adequadamente na fase de brotação ou emissão de folhas novas, pois é nessa fase que ocorrem as primeiras infecções e que dão ritmo à epidemia ou progresso da doença. É fundamental manejar a doença a partir da floração uma vez que geralmente ocorre falha no controle, gerando perdas mais graves da produção.

Em épocas muito favoráveis à doença, pode-se prevenir o desenvolvimento de infecções quiescentes realizando o tratamento hidrotérmico pós-colheita das mangas com água aquecida a 52 oC por 5 min e resfriamento em água a temperatura ambiente, além do tratamento pós-colheita utilizando produto fungicida registrado para essa finalidade. O tratamento hidrotérmico quarentenário de mangas para controle de larvas de moscas-das-frutas, exigido pelos EUA, também reduz o desenvolvimento de infecções quiescentes.

Produtos fitossanitários registrados para antracnose podem ser consultados no AGROFIT (https://agrofit.agricultura.gov.br/). Complementarmente, cultivares e híbridos presentes no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa têm sido alvos de diferentes pesquisas, entre elas, a identificação de plantas resistente à antracnose devido às vantagens dessa característica para o agricultor, meio ambiente e consumidor, quando comparado ao controle tradicional da doença. *Diógenes da Cruz Batista/Embrapa Semiárido - Revista da Fruta - Edição 34/Dezembro 2022

Comentários