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Levantamento da Emater/RS-Ascar indica safra de uva acima do normal na Serra Gaúcha

Sistema regional antigranizo será discutido dia 7/02 em Caxias do Sul; Laboratório de Referência Enológica do RS recebe primeiras uvas para a produção de vinhos em 2025


Uma safra surpreendente, assim pode-se definir a safra de uva 2024/2025 na Serra Gaúcha. Conforme levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar em 55 municípios - 49 que compõem a região de Caxias do Sul e outros seis das regiões administrativas de Lajeado e de Passo Fundo -, a estimativa é de uma produção de 860.000 t. Isso representa um aumento de 55% em relação à safra anterior (23/24) e de 5% se comparada a uma safra "normal". O cálculo engloba toda a fruta com propósito comercial, ou seja, para transformação industrial (745.000 ton) ou doméstica (15.000 ton), e a para consumo in natura (100.000 ton).

A colheita da variedade mais cultivada na região, a Bordô, que deveria acontecer em fevereiro, foi antecipada em 20 dias, o que indica que a Vindima poderá encerrar no final do mês de fevereiro. As cultivares superprecoces e precoces apresentaram ótima sanidade das bagas, coloração e teor de açúcar. Mantendo-se as condições climáticas semelhantes às atuais, as variedades de ciclo médio e as tardias (Cabernet Sauvignon, Moscatos, Isabella) deverão apresentar a mesma qualidade.

Conforme o engenheiro agrônomo do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Enio Ângelo Todeschini, com os desastres naturais históricos que marcaram o ano de 2024, especialmente o excesso de chuvas no outono e inverno, que mantiveram o solo saturado de água por quatro meses, era de se esperar uma safra com sérias deficiências. "Surpreendentemente houve uma ótima brotação - número e vigor das gemas; fertilidade (número de cachos/broto) dentro da média e tamanho/peso dos cachos acima da média", afirma.

Contribuíram para isso o acúmulo de horas de frio (< 7,2oC), embora mal distribuído, um pouco acima da média histórica; a alternância fisiológica; a ausência de geadas tardias; e as condições climáticas do período de setembro a dezembro (frequente ocorrência de baixas temperaturas noturnas, e temperaturas máximas diurnas, abaixo das médias para a época do ano), que  favoreceram o florescimento, o desenvolvimento e a maturação das bagas, bem como a sanidade da cultura, reduzindo as intervenções fitossanitárias.

Todeschini destaca ainda a importância de outra prática que vem sendo trabalhada pela Emater/RS-Ascar há décadas: o uso de planta de cobertura do solo. "É a prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo, reduzindo o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas de solo, nutrientes e água. A cada ano que passa, o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou, como nessa safra, na redução das perdas", conclui.

Com relação ao preço recebido pelo produtor, o extensionista lembra que, embora houvesse uma expectativa inicial de a indústria remunerar com valores minimamente semelhantes aos da safra anterior, pelos baixos estoques de produtos, à medida que foi se constatando uma safra maior, prevaleceu a lei da oferta e da procura, na qual a precificação sempre segue uma curva inversamente proporcional à oferta do produto.

*Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar - Regional de Caxias do Sul/Jornalista Rejane Paludo/Foto: Divulgação Emater/RS-Ascar - [email protected]

Sistema regional antigranizo será discutido dia 7 de fevereiro em Caxias do Sul - Em menos de 30 dias, quatro episódios atingiram frutíferas no interior. Município articula regionalização do projeto tecnológico

Dados compilados pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Caxias do Sul (Smapa) revelam que, nos últimos 30 dias já ocorreram quatro episódios de granizo fora de estação na zona rural do município. Fato que acarreta prejuízos para produtores de frutas como ameixa, cáqui, uva e pêssego. Os casos aconteceram nas localidades de Bevilacqua, Terceira Légua, Segunda Légua e Fazenda Souza.

Nesta segunda-feira (20), o secretário Rudimar Menegotto visitou a propriedade do agricultor Dalvi Vicenzi, em Bevilacqua, próximo a Fazenda Souza. O local é um dos mais prejudicados. Segundo o agricultor, o granizo que caiu na última quinta-feira (16), durou 10 minutos e devastou 1,5 hectare de pomar de ameixa da variedade Letícia. 

Família Vicenzi teve a propriedade bastante atingida pelo granizo - Fotos: Alexandra Baldisserotto/Prefeitura de Caxias do Sul

Vicenzi conta que a fruta quase pronta para ser colhida e o pomar tinha alcançado uma produtividade recorde de cerca de 50 toneladas (mais de 40 ton por hectare). A família também produz cáqui, cujo pomar foi igualmente atingido pelo granizo. "A perda se aproxima de 100%. As pedras de gelo fizeram muitos danos nos frutos. Infelizmente, quase toda produção perdeu o valor comercial", lamenta o produtor.

Segundo Menegotto, o drama dos Vicenzi se repete com outros produtores rurais caxienses. Com isso, uma alternativa para amenizar o problema seria a instalação do sistema antigranizo na região. O projeto vai ser discutido em uma reunião com representantes dos municípios da região, no dia 7 de fevereiro, em Caxias do Sul. *Fernando Santos/Portal Leouve/Bento Gonçalves/RS - 20/01/2025.

"É uma tecnologia inovadora, que já foi implantada em quinze municípios de Santa Catarina, onde existe um convênio com a Secretaria Estadual da Agricultura. O sistema usa iodeto de prata, que diminui de tamanho ou até elimina as pedras de gelo antes que elas atinjam as plantações. A queima do iodeto de prata é feita por um gerador. Para saber quando ligar o equipamento, é preciso monitorar o tempo através de radar", afirma o secretário.

Laboratório de Referência Enológica do RS recebe primeiras uvas para a produção de vinhos em 2025

O Laboratório de Referência Enológica Evanir da Silva (Laren) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) começou a receber as primeiras uvas de 2025. Desde o dia seis de janeiro até o momento, já chegaram ao local cerca de 60 amostras para a microvinificação, que é a produção de vinhos genuínos feita pela Cantina da instituição. O processo é realizado para análise da qualidade da uva e do vinho da safra.

A fiscal estadual agropecuária e engenheira agrônoma Carolina Grziwotz Scienza explica que as microvinificações são a produção de vinhos genuínos pela Cantina, o setor 15 do Laboratório. "O nome do processo deve-se à produção em pequena escala de vinhos oriundos das uvas coletadas por fiscais estaduais agropecuários atuantes nas 15 supervisões regionais da Seapi". Ela e a também fiscal estadual agropecuária e engenheira agrônoma Fernanda Varela Nascimento são as responsáveis pelo trabalho.

E como são as coletas? Segundo Carolina, são realizadas conforme o Plano Amostral determinado pelo Laren, que tem como base os dados da produção de uvas, por variedade, região e município, da safra anterior. "Para 2025 estão previstas coletas de 269 amostras em todo o Estado e durante toda a época de produção, que ocorre entre janeiro e março", conta.

O processo - As amostras de uvas colhidas pelos fiscais são recebidas na cantina, pesadas e cadastradas por meio da atribuição de um número sequencial e do ano da safra corrente. As uvas são tintas e brancas, tanto comuns quanto viníferas das variedades com produção representativa no Rio Grande do Sul e de todas as regiões produtoras do fruto, além da Serra e Campanha, que são as mais tradicionais na produção de vinhos.

As microvinificações iniciam com a retirada manual das bagas do cacho, processo conhecido como desengace, e o esmagamento de cada amostra de uva, também realizado de forma manual. "Após essa etapa, as uvas tintas seguem para a fermentação junto com as cascas em tanques de inox com capacidade de 15 litros, e as brancas passam por uma prensa pneumática para a separação das cascas, e o mosto dessas uvas vai direto para garrafões com volume de 4,7 litros, daí o nome microvinificação", esclarece Carolina.

E o que é o mosto? - "É o primeiro produto da uva após o esmagamento, sendo a base para o vinho", afirma a engenheira agrônoma. Conforme ela, no laboratório da Cantina são feitas as análises iniciais do mosto, as quais são: densidade relativa, grau Baumé, grau Babo, grau Brix e temperatura inicial. "Todas essas variáveis estão relacionadas à quantidade de açúcar e de sólidos solúveis presentes que auxiliam na previsão do teor alcoólico dos futuros vinhos. Amostras do mosto puro são coletadas para realização das análises isotópicas e cromatográficas", diz Carolina.

Após o período de fermentação, são feitas trasfegas (mudança de garrafão) para a retirada das borras e do ácido tartárico precipitado, um componente natural dos vinhos. Na última trasfega, os garrafões de vinho são armazenados em câmara fria até a estabilização da bebida. No laboratório da Cantina são realizadas análises iniciais relacionadas à acidez, açúcares e evolução da fermentação dos vinhos. Amostras desses vinhos também seguem para análises isotópicas e cromatográficas que compõem o banco de dados do laboratório, que é produzido desde 2004.

"O envio das amostras das microvinificações para o Setor de Análises Isotópicas é necessário para comparar os valores de isótopos de carbono e oxigênio dos vinhos genuínos com os comerciais, permitindo a interpretação de padrões para contribuir significativamente para a fiscalização de vinhos", esclarece Carolina. "Já no setor de Análises Cromatográficas são realizadas a detecção de compostos adicionados à bebida e, futuramente, de resíduos de agrotóxicos", conclui a fiscal.

A engenheira agrônoma afirma que as uvas recebidas até agora estão com bom aspecto visual, bagas cheias e cachos uniformes com características típicas de cada variedade. "Poucas apresentaram defeitos visuais como sintomas de doenças ou cachos falhados", garante Carolina.

Bando de dados - O Laren elabora anualmente, desde 2004, vinhos genuínos, através de microvinificações os quais compõem um banco de dados que serve de referência para análises isotópicas e cromatográficas. O número de amostras a serem coletadas anualmente é determinado levando-se em conta a produção de uvas por município e por variedade, no Rio Grande do Sul, do ano anterior ao da coleta. As coletas são realizadas por fiscais estaduais agropecuários em todas as regiões produtoras de uva do Estado. 

*Darlene Silveira/Fotos: Fernando Dias/Seapi - Assessoria de Comunicação Social Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação - Fone: (51) 3288-6211/6228 - www.agricultura.rs.gov.br

 

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