Sensor monitora o teor de ácido tânico em vinhos tintos
Fluorescência da nanocelulose é capaz de detectar tanino em vinho tinto
Uma equipe de pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) criou uma solução aquosa, nomeada como sensor em forma líquida, capaz de identificar a fluorescência dos nanocristais de celulose (CNC) e sua viabilidade para monitorar o teor de ácido tânico em vinhos tintos. Conforme informa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a solução pura de CNC demonstrou eficácia na detecção de tanino, um parâmetro essencial para enólogos entenderem a estrutura e as características sensoriais do vinho, incluindo aroma e sabor, além de atuar na estabilização da cor da bebida.
A descoberta revelando que a fluorescência da celulose é modificada na presença do ácido tânico abre perspectivas para a criação de sensores ópticos baseados em nanocristais de celulose, não apenas para vinhos, mas também para alimentos e bebidas em geral. Na demonstração, os pesquisadores detectaram a molécula de tanino associada à palatabilidade nos vinhos Cabernet Sauvignon e Tannat, servindo como uma prova de conceito.
O presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), o enólogo Ricardo Morari, explicou que os taninos são componentes fenólicos cruciais na composição, qualidade e potencial de envelhecimento dos vinhos tintos. Ele ressaltou ainda que esses elementos contribuem para a estabilidade da cor e conferem estrutura e complexidade aos vinhos quando equilibrados corretamente.
Morari destacou a importância de uma possível detecção imediata do tanino através dessa nova tecnologia, fornecendo informações valiosas aos enólogos para aprimorar a elaboração dos vinhos, aproveitando seu máximo potencial e qualidade.
Os pesquisadores testaram a aplicabilidade do sensor líquido em vinhos de uvas Cabernet Sauvignon e Tannat, utilizando nanocristais de celulose extraídos da madeira da seringueira. O processo consistiu em adicionar diferentes concentrações de ácido tânico à suspensão aquosa e monitorar as mudanças nos espectros de fluorescência dos nanocristais de celulose.
Além da utilização em vinhos, o método pode ser adaptado para dispositivos portáteis de fluorescência, o que simplificaria sua utilização em variados locais, ressaltam os pesquisadores. A eficácia do sensor em amostras de vinhos brasileiros foi validada através de testes de recuperação.
Os cientistas enfatizam os benefícios adicionais oferecidos pela celulose para essa plataforma de sensoriamento, destacando sua natureza atóxica, biodegradável, versátil e sustentável. As nanoceluloses, classificadas como nanocristais de celulose (CNCs), nanofibrilas de celulose (CNFs) e celulose bacteriana (BC), têm características físico-químicas que podem variar com sua origem e fonte de extração. *EMBRAPA