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Tempestade de granizo em SC poupou área rural de grandes prejuízos

Pode ter havido danos no lenho dos ramos e essas feridas vão precisar de tratamento com fungicida para evitar doenças, principalmente cancro europeu


Granizo como há muito tempo não se via na serra catarinense. A tempestade que atingiu a região de Lages e São Joaquim, em Santa Catarina, na última terça-feira (23) assustou a população. Rodovias ficaram tomadas pelo gelo. Uma grossa camada branca mudou o cenário das cidades. Mas no interior foi diferente e curioso. O granizo também chegou com tudo, mas sem deixar rastro de destruição.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), embora não tenha um levantamento detalhado, assegura que praticamente não houve registro de grandes danos. Uma grande sorte, porque foram pedras grandes registradas em boa quantidade e em áreas extensas. "A macela está numa fase em que ainda não brotou, e por isso não houve prejuízo. Sobre a plantação de maçãs, há danos pontuais nas estruturas de tela, com rompimento de arame e tela rasgada", relata o gerente da Epagri de São Joaquim, Marlon Couto.

Em alguns pomares o granizo nem chegou, mas a chuva forte acompanhada de ventos marcou presença. "Pode ter havido danos no lenho dos ramos e essas feridas vão precisar de tratamento com fungicida para evitar doenças, principalmente cancro europeu", orienta Couto.

O gerente também explica que um levantamento detalhado não foi elaborado porque não aconteceram notificações suficientes pelos produtores que justifiquem a realização do trabalho. "Foi pontual e aparentemente sem prejuízos de grande monta".

Em Lages as últimas horas foram agitadas para a Defesa Civil, que atendeu na área urbana 204 pessoas. A tempestade afetou também a região da Coxilha Rica, no interior do município, ocasionando 51 atendimentos, a maioria por conta de telhados destruídos.

D acordo com a Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil de Lages, foram atingidos os municípios de São Joaquim, Lages, Correia Pinto, Palmeira e Otacílio Costa. *Sou Agro/Fernanda Toigo  

Morangos foram atingidos, as folhas danificadas e as lonas furadas pela chuva de granizo que caiu sobre a região na quarta-feira (23/08) - Diego Balardin/Divulgação

Produtor de morangos estima prejuízo de R$ 60 mil após queda de granizo em Flores da Cunha/RS - Diego Balardin, 31 anos, ainda encontrava as pedras de gelo no chão da propriedade na manhã de quinta-feira (24) - Mesmo coberta por lonas, a produção de morangos da família Balardin foi fortemente afetada pela chuva de granizo que atingiu a Serra na quarta-feira (23). A propriedade, localizada em Otávio Rocha, interior de Flores da Cunha, registrou 10 minutos de chuva intensa entre 18h50min e 19h. Contudo, ainda na manhã desta quinta, o produtor Diego Balardin, 31 anos, encontrava o gelo no chão. Pela primeira análise, ele estima que gastará R$ 60 mil no reparo da cobertura.

As imagens cedidas pelo produtor mostram que a fruta teve quebras parciais e a folhagem estava danificada. Mas o maior prejuízo foi na lona que protege a produção de intempéries como a geada. Balardin destaca que mais de 50% da estrutura das estufas está rasgada.

- Se eu fosse trocar tudo, gastaria uns R$ 60 mil, mas agora não consigo, vou ter que ir trabalhando assim por enquanto. Uma chuva como essa, com tantos estragos, eu não via desde dezembro de 2011 - afirma o produtor. Além da propriedade de Balardin, em Flores da Cunha, segundo a assessoria da prefeitura, houve estragos em uma estufa do viveiro da prefeitura, relatos de árvores caídas em via pública e bueiros entupidos. Porém, nenhuma outra situação considerada grave. A equipe da Defesa Civil do município segue levantando os dados sobre os estragos na tarde desta quinta.

Demais cidades da Serra - A Defesa Civil do RS recebeu registros de queda de granizo, ainda no final da quarta, nos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Cotiporã, Nova Pádua, Pinto Bandeira e Cambará do Sul, na Serra.  O interior foi mais impactado. Segundo dados da Emater RS, as culturas de pêssego, cebola e alho tiveram grandes estragos, assim como alguns parreirais que estão com produção mais adiantadas nos municípios de Bento Gonçalves e Santa Tereza. Até o fechamento desta reportagem, a Emater RS não havia concluído o levantamento dos estragos na Serra. 

Santa Tereza - Santa Tereza foi considero um dos principais municípios com registros de granizo pela Emater. A prefeita Gisele Caumo circulou pelo interior e área urbana da cidade nesta quinta e, por meio de nota, relatou que possivelmente será preciso decretar situação de emergência. 

"Tivemos uma faixa do interior muito atingida. Ela abrangeu as comunidades da Linha José Júlio, em sua grande maioria, Linha Dolorata, Linha São Valentin, parte da Linha Bento, Linha Cesca e Linha Beltrame. Durante a noite até a madrugada, percorremos inúmeras propriedades e auxiliamos com a disponibilização de lonas para as casas danificadas pelo granizo, o que foi retomado na manhã desta quinta, com o levantamento de perdas, mais especificamente na agricultura. O cenário é de muita tristeza, uma vez que o árduo trabalho diário de nossos agricultores se esvaiu em questão de minutos. Agora precisamos analisar detalhadamente para buscar os auxílios necessários nas esferas estadual e federal. Muito provavelmente decretaremos Situação de Emergência, até porque os agricultores que possuem seguro de suas produções precisarão comprovar os estragos para receberem o retorno esperado". 

Bento Gonçalves - Em Bento, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o temporal atingiu principalmente a região Norte do município. Localidades como São Roque, Faria Lemos e São Valentin tiveram os maiores estragos. Na nota, a assessoria informa que nenhuma família precisou ser removida de casa, porém, 48 casas foram danificadas, atingindo 150 pessoas. "De acordo com a subprefeitura, quase todas as localidades foram atingidas, sendo registrados mais estragos na comunidade da Linha da Alcântara com casas alagadas e danificadas com o granizo."

A prefeitura segue fazendo levantamentos na tarde desta quinta-feira. O Corpo de Bombeiros do município não recebeu chamados para atendimento ao longo da noite ou pela madrugada. 

Nova Pádua - No município de Nova Pádua ainda não foi finalizado o levantamento de registros. Até a manhã desta quinta (24), a prefeitura não havia sido acionada para auxiliar em casos de urgência. De acordo com o secretário municipal de Agricultura, Gelson Sonda, o técnico da Emater está no interior fazendo levantamentos da situação. 

Cotiporã - Em Cotiporã, a queda de granizo foi mais acentuada no interior do município. Os moradores de Monte Bérico, Linha 14 de Julho, São Pedro e parte da comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes registraram com imagens o tamanho das pedras que caíram. Os relatos demonstravam que as pedras tinham tamanho aproximado de um ovo de galinha. Houve perda nas produções de diversos alimentos para o consumo humano e do gado.

Na área urbana, segundo a assessoria da prefeitura, apesar da chuva de pedras de gelo ter sido intensa não houve registros de estrados. 

Monte Belo do Sul - A queda de granizo em Monte Belo do Sul foi similar a que ocorreu em Cotiporã, onde localidades do interior sofreram os maiores prejuízos. A assessoria da prefeitura relatou que as comunidades de Nossa Senhora do Caravaggio, São Pedro e São José foram as mais impactadas, principalmente os produtores de uva. Até esta manhã de quinta, o levantamento de quantas casas estavam destelhadas e o percentual de perdas da produção ainda não havia sido finalizado pela prefeitura. Na área central do município não houve chamados referente ao temporal.

A Defesa Civil Estadual informou que cerca de 37 casas tiveram danos, o órgão distribuiu lonas e auxiliou no atendimento das famílias, junto com a Defesa Municipal.  

Cambará do Sul - Apenas uma casa, localizada na área central de Cambará do Sul, teve estragos em algumas telhas e precisou de lona. Este foi o único registro na cidade, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura. O interior do município também não foi impactado.  

Pinto Bandeira - A prefeitura de Pinto Bandeira ainda não concluiu o levantamento de prejuízos na área rural do município. Contudo, segundo a secretária de Agricultura, Beatriz Hopp De Bortoli, em conversas informais com produtores locais, a comunidade de Nossa Senhora da Anunciata foi uma das mais atingidas com prejuízo significativo nas lavouras. *Paula Brunetto/GZH Pioneiro

 

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